quarta-feira, 6 de julho de 2011

Aos todos os meus amigos, que acompanham estes meus escritos

Como podem perceber este espaço está sendo desativado. Estou envolvido em outros trabalhos agora e gostaria de convidar a todos para virem vê-los.
Estou escrevendo muito junto à minha nova tripulação. Não estou mais a viajar pelos céus, agora velejo pelo mar com alguns piratas mariachis.
Este é o endereço dos diários de bordo e outros escritos da tripulação do navio Las Hermanas:

http://www.laricoides.blogspot.com/

Um abraço a CORONEL DALLAS, CAPITÃO GAMMA E TENENTE-CORONEL DELTA, MAJOR-BRIGADEIRO ATLANTICA E MAJOR HEMMER, de minha antiga tripulação a bordo da nave Estrela do Sol.

Escafandrista

domingo, 30 de maio de 2010

Trova Surda

Arranho um trinco na noite.
Travado, trançando-me as pernas
de pau, quase um prédio de andares
tremendo, temo por meus dentes.

cair-me no asfalto, de cara.
roçar arenosos resquícios.
os fósseis que aqui deposito
- a história de um podre palhaço.

por todos os lados, espreito.
procuro por portas abertas,
abrigos quaisquer que me alojem
é tarde e já acordam os lobos.

me deito, esgotado, nas pedras
da estreita calçada e vomito
um cão vem lamber-me os resíduos
amargos de lágrima cor.

meus ossos quebrados se encontram,
pedaços de vidro me entram,
a noite me engole e devolve
a carne e os ouvidos do Sol.

Diólogo

- olá

- oi, quem é voce?

- não importa. vamos conversar?

- claro.

- sobre o que?

- hum... odeio noites de domingo.

- são realmente uma merda.

- o silêncio parece mais forte e penetrante, me faz querer morrer.

- sinto o mesmo.

- claro que sente, somos a mesma pessoa.

- a mesma pessoa? o que quer dizer com isso?

- quero dizer que somos uma pessoa só, você sabe muito bem, o tédio é tao grande que estamos simulando um diálogo.

- você até que tem razão, mas eu não admitiria isso.

- você é o outro polo, não pode admitir. essa atitude é fundamental para que o diálogo não morra.

- eu sei muito bem disso, se é que o que você disse é verdade. Sabemos muito bem disso e você não precisava dizer. só estamos jogando conversa fora e isso é decadente.

- verdade, não estamos conseguindo manter um assunto sólido mesmo sendo a mesma pessoa. isso talvez seja uma evidencia de alguma patologia mental.

- não banque o psicólogo agora!

- voltemos ao começo.

- certo.

- me conte alguma coisa.

- não tenho nada pra contar a mim mesmo.

- você acaba de admitir que somos um só.

- merda!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

( / )

Não pode mais beber, nem dirigir,
Não pode mais fumar, nem colorir,
Não pode mais correr pelado na rua,
Não pode mais comer pizza de calabresa em vagões de trem.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

é o seguinte,

A letra A do meu teclado não está funcionando.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

yeah, whatever...

Bem....aqui estou novamente, estreando este ano cinzento e mal cheiroso.
querem uma história? Vos conto uma história...era uma vez Katya, uma bielorussa que pôs em seus três filhos o nome de Misha (sendo eles um menino e duas meninas). Pronto, fim da história...o que que é? tá caindo o nível qualitativo das minhas histórias? me desculpem, essa Vodka barata não está descendo bem...

triangulo

sábado, 13 de dezembro de 2008

A última história de Kakâmala, O Nômade

Um passarinho bica um pedaço preto do chão. Não se interessa e volta a zanzar. Estou sentado no pátio onde desembarcam os viajantes, alimentando o Sanguinário, cãozinho que vive por aqui. Me levanto para ver o que o passarinho bicou. Um cadáver de bezouro (pensou eu à primeira vista), mas logo constato ser um semi-cadáver já que ainda mexem algumas perninhas.
Chegam os Degoladores de Kamussa, farreiros, da caravana. Passam cantando hinos de Kamussa e degolando por prazer. Degolam, degolam e degolam com seus hinos estranhos. O pátio já é uma festa escarlate de cabeças pelo chão.
Andam em quatro. Um deles tem o cabelo tão longo que bate nos joelhos e tão sujo que nem mosquitos chegam perto. Vestem coletes de couro esfarrapados, botas de sola metálica e ainda diversas roupas que pegam dos decapitados que vão deixando por onde passam. Eles dançam e bebem e brincam com as cabeças. Fazem teatro de fantoches, cada um com uma. Outro usa uma cabeça como bola para jogar Trenas (um jogo de bola antigo).
O chefe deles bebe um líquido verde (absinto, presumo) e vem em minha direção (só havia sobrado eu alí). Eu, que nunca tive medo da morte nem de bicho nenhum, continuo tranquilamente o que estava fazendo. Ele se aproxima com seus (poucos) dentes podres e seu bafo de enxofre.
-Ô verme de lacraia, não vais correr por sua cabeça? - diz ele numa voz que lembra um resmungo primitivo.
-Estou alimentando o cachorro - respondo em uma calma que espanta até a mim mesmo.
-Pois o cão nos seria uma boa seia - diz ele com um sorriso verde - passa o pulguento pra cá! - ordena.
Me levanto, olhando nos seus olhos (de vidro) e digo:
-Este cão é mais digno que os quatro senhores juntos - Ele se espanta e até me cumprimenta pela coragem e ousadia de insultá-los mas sim, sou degolado.