Trova Surda
Arranho um trinco na noite.
Travado, trançando-me as pernas
de pau, quase um prédio de andares
tremendo, temo por meus dentes.
cair-me no asfalto, de cara.
roçar arenosos resquícios.
os fósseis que aqui deposito
- a história de um podre palhaço.
por todos os lados, espreito.
procuro por portas abertas,
abrigos quaisquer que me alojem
é tarde e já acordam os lobos.
me deito, esgotado, nas pedras
da estreita calçada e vomito
um cão vem lamber-me os resíduos
amargos de lágrima cor.
meus ossos quebrados se encontram,
pedaços de vidro me entram,
a noite me engole e devolve
a carne e os ouvidos do Sol.
domingo, 30 de maio de 2010
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